Nasci geminiano, não foi escolha minha. Desde novo emitia pistas significativas da minha volubilidade.
O cenário era a “Acrópole”, lendária boite de Niterói, onde muitos baladeiros fizeram carreira. Era uma noite fria, de um sábado de 2001, que tinha tudo para ser tranquila. Ledo engano!!
Eu, que acreditava estar piamente apaixonado pela bela e conhecida moça que me acompanhava, adentrei confiante pela porta principal, e, como sempre, fui saudado efusivamente pelos elegantes proprietários e amigos da boite. Os beijos e abraços que desferia na receptiva e carinhosa moça, eram provas irrefutáveis da minha retumbante paixão. Nada subtraía minha atenção! Estava realmente apaixonado, mas aquela mulher que subia as escadas em direção a boite, de vestido vermelho e decote ousado, de coxas firmes e olhar insinuante, me fez por em dúvida o que sentia pela moça que jantava comigo.
Decidido a resolver minha inquietude emocional, me fiz utilizar de um pretexto bastante original para ir em direção ao meu novo amor. Determinado, subi as escadas em direção ao objetivo, mas não sem antes prometer retornar brevemente. Eu não estava errado com relação aos meus sentimentos!! Os beijos fortes e as mãos salientes da fogosa mulher de vermelho me fizeram esquecer completamente a promessa que havia feito para a minha antiga paixão… Avisado pelo competente garçom da proximidade de um cataclisma de proporções épicas, fui levado emergencialmente pelo gerente da casa até a porta da cozinha, cujas escadas internas me conduziram até a rua lateral, possibilitando, ingressar novamente no primeiro andar e me sentar tranquilamente na minha mesa original.
Ainda tive tempo de preparar meu discurso ciumento e indignado sobre o paradeiro de uma estupefata moça que quando desceu a escada de volta me viu sentado placidamente a sua espera. O crime compensa!! kkkk
Memórias de um baladeiro por Fernando Gil
